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Wednesday, November 17, 2010

Simpósio de Filosofia em Maputo no dia Mundial de Filosofia


No dia 18 de Novembro comemora-se o Dia Mundial da Filosofia instituído pela UNESCO desde 2002 para lembrar a importância dessa clássica discplina para a humanidade em progresso. Em Moçambique a Universidade Pedagógica deu início a estas festividades com o Primeiro Congresso Internacional de Filosofia realizado sob o lema “Filosofia e Metamorfoses Sociais na CPLP”. Para dar continuaidade as festividades as Universidades São Tomás de Moçambique, Universidade Eduardo Mondlane e Universidade Pedagógica vieram em conjunto programar um Simpósio de Filosofia sob o lem "A Importância de Filosofia em Moçambique". 
O Simpósio decorrerá as 16h na Universidade São Tomás de Moçambique em Maputo, estão todos convidados a participar para mais um banquete da Sabedoria.

Simpósio de Filosofia em Mpauto no dia Mundial de Filosofia


No dia 18 de Novembro comemora-se o Dia Mundial da Filosofia instituído pela UNESCO desde 2002 para lembrar a importância dessa clássica discplina para a humanidade em progresso. Em Moçambique a Universidade Pedagógica deu início a estas festividades com o Primeiro Congresso Internacional de Filosofia realizado sob o lema “Filosofia e Metamorfoses Sociais na CPLP”. Para dar continuaidade as festividades as Universidades São Tomás de Moçambique, Universidade Eduardo Mondlane e Universidade Pedagógica vieram em conjunto programar um Simpósio de Filosofia sob o lem "A Importância de Filosofia em Moçambique". 
O Simpósio decorrerá as 16h na Universidade São Tomás de Moçambique em Maputo, estão todos convidados a participar para mais um banquete da Sabedoria.

Wednesday, October 27, 2010

CONGRESSO INTERNACIONAL DE FILOSOFIA

 O departamento de filosofia da UP realizará um congresso em parceria com outras instituições académicas e comunidade internacional, o Congresso Internacional de Filosofia subordinado ao tema " Filosofia e Metamorfoses Sociais na CPLP"  entre os dias 02 a 04 de Novembro de 2010 que visa trazer a debate questões relativas às teorias e práticas avaliativas e educativas e como estas acompanham os processos sociais nos diferentes países das Comunidades dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP).A CPLP tem historicamente espaços de contacto que lhes permitem uma certa comparação
política, social e cultural. Portugal conheceu até 1974 um regime totalitário, que aliás foi
responsavel dos sistemas coloniais nos países africanos. O Brasil conheceu regimes militares
opressivos e anti-democráticos.
No caso de Moçambique, a experiência da Filosofia pode ser dividida em três partes: a primeira
remonta ao tempo colonial onde a Filosofia se prestava ao jogo da justificação da então situação
de dominação; a segunda fase que é depois da independência em 1975, a Filosofia foi
maioritariamente orientada para vertente marxista, constituindo um instrumento ideológico no
contexto da orientação socialista; na terceira fase, a pós-marxista, a Filosofia é convocada a fazer
frente a três desafios principais: superar o deficit epistemológico; repensar fundamentos éticos
e pensar os fundamentos políticos na democracia
emergente.
O evento decorrerá no Campus Universitário da UP no antigo edifício da FCNM, vulgo "Lhanguene" a partir das 07.30h
ESTÃO TODOS CONVIDADOS PARA PARTICIPAR NESTE BANQUETE

Monday, October 18, 2010

Achille Mbembe pela abolição das fronteiras herdadas da colonização. -entrevista de Norbert N. Ouendji

Achille Mbembe pela abolição das fronteiras herdadas da colonização. -entrevista de Norbert N. Ouendji

Saindo da grande escuridão – Ensaio sobre a África descolonizada. É o titulo do último livro de Achille Mbembe, que acaba de sair pela “La Découverte”. Norbert N. Ouendji leu atentamente este livro, rico e bem documentado, escrito em memória de Franz Fanon e Jean-Marc Ela, dois “pensadores do futuro”. Mesmo com a sua agenda cheia, o autor, atualmente lecionando nos Estados Unidos (Duke University), aceitou esclarecer idéias que permitem uma melhor compreensão de sua filosofia e trajetória. Nesta entrevista, vai além do texto centrado em questões ligadas à colonização e aborda assuntos que estão na ordem do dia dos debates africanos atuais.

Achillle Mbembe intima o continente a “sair da escuridão”. O seu estado de sono profundo atual preocupa-o. Ao longo do livro, vai ao encontro de Franz Fanon ao convidar os africanos a olharem para lá da Europa se querem “erguer-se e caminhar”…

É que, simplismente, um novo mundo se desenha aos nossos olhos. A Europa deixou de ser o centro do mundo, ainda que continue um ator importante internacionalmente. Destruída pelo narcisismo e pela ferida do estatuto perdido, gira em torno de si mesma e os africanos perdem tempo querendo se erguer tendo a Europa como modelo ou se envolvendo em disputas de outros tempos.

A China tera então algo a dizer? Pergunto porque sublinhou que um dos fatos mais importantes dos próximos 50 anos será a presença, em África, do império chinês, onde numerosos investimentos são já visíveis em muitos países do continente.

Para que o projeto sino-africano se torne um evento positivo de suas histórias, os africanos terão que lhe dar corpo e alma. No momento, este projeto segue uma lógica puramente extrativista e desta forma será preciso reforçar as bases materiais dos reinos locais e das classes sociais que as sustentam.

ilustração de Margarida Girãoilustração de Margarida GirãoEsta lógica está bem desenvovida no seu livro. Compreendemos que os potentados locais, dos quais falou, são inertes face ao grande sono africano que descreve e denuncia. Mas o que chama a atenção do leitor é a relação que estabelece entre esta situação e a colonização.

Ela não ajudou. De todos os pontos de vista, a herança deixada pela colonização foi mediocre. As políticas pós-coloniais não fizeram muito melhor: a pobreza de espírito lembra bastante a respeito dos líderes coloniais.

A este propósito, não tem muita estima quanto à França. Acha que esta antiga força colonial “descolonizou sem se auto-descolonizar” ?

A colonização francesa terminou e, com muito custo, houve uma transferência de poderes. Isto não significa o mesmo que a “descolonização”, se entendermos por “descolonização” um projeto radical, de recomeço. Por outro lado, se a colonização foi uma forma primitiva de dominação de raças, não podemos pretender ter-nos descolonizado se, afinal, não desmantelámos as armas físicas e as estruturas materiais e institucionais que alimentaram o racismo.
A França de hoje – como também grande parte da Europa – se encontra na tormenta de uma fomidável lógica racial, que nem tem já vergonha de se proclamar como tal. O velho país de “direitos do Homem” está possuído por um desejo confuso de provincianizar e, devo dizer mesmo se a palavra soa forte, pelo espírito de um demônio, que todos nós conhecemos: o demónio do apartheid. Como compreender este sonho maluco de uma comunidade pura, composta por “pessoas de descendência”, fechadas em suas “tradições” e livres de “estrangeiros”?
A instrumentalização descarada do Islão, espécie de guerra social armada contra os jovens franceses não brancos da periferia, um tipo de culturalismo grosseiro que se utiliza para dar conta dos problemas de discriminação, a raiva cultivada contra os imigrantes, as deportações dos mais fracos e dos mais vuneráveis, os projetos de perda da nacionalidade – tudo isso, literalmente, fede.
As elites africanas seguem atentos estes infelizes desenvolvimentos e não conheço ninguém que gostaria, em pleno século XXI, de viver sob o regime de lutas permanentes e de humilhação cotidiana que é o apartheid.

Segundo Achille Mbembe, a descolonização é então um processo inalcançado, ao mesmo nível que a democratização. O senhor fala de uma descolonização “fictícia”, dando assim a impressão que os africanos têm ainda um longo caminho à percorrer para contribuir positivamente para aquilo que chama de “declosão do mundo”.

Entendo por “descolonização fictícia” uma descolonização sem democratização ou, ainda, no caso da África austral, sem “desracialização”. É assim, um tipo de descolonização onde o chefe te manda para casa, mas guarda na cintura a bolsa com as chaves.
Posto isto, hoje não é mais o caso de lutar contra um ocupante estrangeiro, mas contra nós mesmos. E claro que as estruturas de exploração e de desigualdades a nivel mundial ainda estão presentes. Mas as suas consequências são tanto mais desastrosas como, num plano interno, África é mole e gelatinosa. Suas forças estão dispersas e sua energia dissipada pela crueldade, pelas depredações e pelas desordens internas. O continente precisa constituir o seu próprio centro para atingir a descolonização. É preciso conquistar este trabalho num contexto particular e arriscado: o contexto da globalização e o começo de uma balkanização do nosso mundo.

Se, como disse, a descolonização foi somente “fictícia”, como podemos justificar a celebração, neste ano de 2010, do cinquentenário das independências?
Do meu ponto de vista, não há efetivamente nada a celebrar. Em 1960, certos países africanos estavam avançando com a Coréia do Sul. Onde é que estamos cinquenta anos depois? Não confundiremos ninguém vestindo farrapos, o que manifestamente, é igual a estar nú.

O seu livro aparece precisamente no momento desta celebração. Foi uma contribuição para o debate ou uma simples coincidência?

Nós precisamos de uma reflexão crítica se queremos desbloquear os caminhos do futuro. Este trabalho crítico, ninguém o fará em nosso lugar. Meu livro é uma contribuição à este esforço. Minha voz não é a voz de nenhum mestre. É a minha própria voz. Ao mesmo tempo ela se implica numa tradição da qual eu reivindico a herança.

ilustração de Margarida Girãoilustração de Margarida Girão

Isto explica também a sua cólera em relação ao fato de que, em muitos países, os nomes de certas figuras importantes que combateram pela “independência” continuem a ser censurados nos discursos oficiais. Por que não conseguimos destinar um “lugar aos vencidos” com foi feito na África do Sul?

Nós somos governados por uma classe de predadores indígenas com comportamentos e ações que seguem uma linha de tradição, de poder, que prevalece em África desde o tráfico de escravos. Os que nos governam, comportam-se quanto aos seus países como os ocupantes estrangeiros, tratam os seus países como prisioneiros de guerra.
Eles têm uma maneira de conduzir a vida no dia-a-dia, uma maneira de falar, uma maneira de se vestir, de beber, de comer, de se mostrar em público, de provar sensações, de apreciar a vida, de acabar com as nossas poucas riquezas, de esbravejar, de tratar seus inimigos, que demosntra em todos os âmbitos qualidades de uma fera selvagem. A colonização encorajou de todas as formas esta selvajaria.

É esta tradição de selvajaria que, historicamente, explica a relação dos estados negros com a morte em geral e sobretudo com a morte dos que, através da luta, representaram outras possibilidades de vida: a possibilidade de uma emancipação radical.

O caso de Ruben Um Nyobè, e de outros, assombra-o. Disse também que se você está espiritualmente afastado de Camarões, isso deve-se em grande medida à recusa do país em reconhecer a existência do crânio de um parente morto ou, mais especificamente, “a recusa de sepulturas e o desaparecimento dos homens mortos durante as lutas pela independência e auto-determinação”.

Não é somente por conta de Um, mas também por todos os que se depararam com a morte no decorrer das lutas – Pierre Yém Mback, Félix Moumié, AbelKigué, Osende Afana, Ernest Ouandié e a longa lista de pessoas sem nomes e, por vezes, sem sepultura. É necessário acrescentar também aqueles que viveram em regime de exílio e de condenações e que o nosso país não reconheceu e que, num certo momento, perseguiu – Nded Ntumaza, Abel Eyinga, Mongo Beti, Jean Marc Ela e muitos outros.
Não podemos esquecer, no meio disso isso tudo, aqueles que, contra ventos e marés, resistiram firmes, mestres de si mesmos, sempre à margem, aqueles cujo modo de vida, em pleno clima tempestuoso, continua a revelar o que poderíamos conquistar. Eu acredito, por exemplo, em Fabien Eboussi Boulaga, figura singular, o qual as idéias terão, por muito tempo, grande peso na vida e no espírito africano.

Partiu para a França, seguiu-se a descoberta dos EUA antes de pousar as suas bagagens na África do Sul, no final do século XX. O seu olhar para cada um destes três países é ao mesmo tempo apaixonado e comovente. Qual a herança que estes lugares te deixaram? Que tipo de relação tem hoje com Camarões?

Eu continuo a viver entre a África do Sul, os Estados Unidos e, de tempos em tempos, a França. Teria passado minha vida cruzando o mundo. Passei por cada um destes lugares que morei com uma certa reserva de distância e de admiração. Foi isto que me permitiu assumir esta instabilidade, este movimento na vida. Viajando encontrei novas pessoas, outras línguas, outros sons, outros mundos. Nascido em qualquer lugar, não pertenço a lugar algum. Teria passado o essencial dos meus anos agarrado a este aspecto disperso da minha existência, traçando caminhos e me aproximando por vezes do improvável, trabalhando nos intervalos com o objetivo de dar uma expressão comum às coisas que muitas vezes nos dissociam. Os Camarões, vejo este país numa relação filial com as figuras que acabámos de evocar, persuadido que um dia, no futuro, a justiça será feita em seus nomes e aos textos que eles escreveram.

A partir dos relatos que dão ao seu livro um tom autobiográfico, podemos dizer que o senhor é o símbolo do cidadão “afropolitano”, o qual é elogiado na maioria dos seus discursos?

Apenas me aconteceu ter experiências em alguns lugares. Cada um destes lugares teceu parte da minha vida. Cada lugar deixou em mim traços que sou incapaz de apagar. Cada lugar poderia ter sido, cada qual, o norte e o crepúsculo da minha existência. Mas na realidade, só pude me aproximar de cada um deles graças a uma certa distância, construindo brechas que, em seguida, me faziam tentar transpô-las. E foi ao caminhar que me tornei não “Negro”, mas simplesmente um homem no mundo.

ilustração de Margarida Girãoilustração de Margarida Girão

Fala de uma África que é hoje “povoada em sua maioria de passantes potenciais”. Que os africanos são tentados pela aventura, normalmente difícil, na qual sonham em se “reinventar e em se enraizar”. Como alcançar esta fuga forçada sendo que vocês participam de um processo de globalização que já não é, para milhões de pessoas, “o tempo livre da circulação”?

Um dos símbolos mais dramáticos da farsa das independências é o fato de que, se tivessem escolha, milhares de africanos viveriam fora do continente e não em seus países de origem. Este desejo generalizado de abandono é uma verdadeira catástrofe. Mas eu faço igualmente referência às tendências pesadas de evolução social do continente – brevemente mais de um bilião de habitantes, o progresso de uma civilização urbana sem precedentes na história da região, um novo ciclo de migrações internas, a consolidação de novas diásporas, especialmente para os EUA, a vinda maciça de chineses para as grandes metrópoles continentais. A questão é saber como acompanhar estas mutações estruturais. Precisamos de re-imaginar as instituições com esta África em movimento, esta África em circulação, esta cultura fluída e aberta para o mundo e para o novo, esta constelação crioula, que denomino de “afropolitana”.

Voltamos às causas deste abandono do continente por seus filhos e filhas. O senhor aponta particularmente para a gestão calamitosa dos recursos disponíveis, pelos ganaciosos de poder. Eles partem, de certa maneira, porque não querem mais viver sob “chefias mascaradas”.

As pessoas também fazem escolhas pessoais e não são todas ligadas à situação política desastrosa de nossos Estados. Eu falo da nova fase de migrações em massa, aquelas que estão ligadas à sobrevivência económica ou aquelas que são efetivamente fruto de situações de guerras e conflitos. Elas afetam milhões de pessoas que se mudam de campo em campo. Mas existe também um processo de mudança de fronteiras, sejam físicas, culturais ou religiosas. Deste ponto de vista, temos que observar o tipo de ajuste mental que fazem as igrejas pentecostais, que se desenvolvem por todo lado no continente, de uma maneira quase-capilar.

Esta oscilação da geografia, do imaginário e das formas de mobilidade é um fator chave das recomposições em curso. Acompanhar de maneira criativa estas recomposições exige que sejam abolidas fronteiras herdadas da colonização, que sejam abertos grandes espaços de circulação sem os quais não haverá nenhum pólo regional de força económica e de criatividade intelectual, cultural e artística. Nós temos que abrir em África vastos espaços de livre-circulação. Este esforço deve andar a par da reforma das leis sobre a nacionalidade. Acordemos, por exemplo, a cidadania aos africanos que a desejam, velhas e novas diásporas misturadas. Instituemos, a nivel continental, um “direito de retorno” para aqueles que desejam pertencer ao continente.

Este discurso lembra o projeto dos Estados Unidos sonhado por Marcus Garvey e mais tarde Kwame Nkrumah. Hoje, líderes como Kadhafi tentam fazer prosperar esta idéia no seio na União Africana, que é oficialmente consciente da necessidade de concretizá-la. Para além dos discursos, podemos ser otimistas em relação a esta causa com a actual geração de chefes de estado?

É um vasto horizonte e um novo imaginário do futuro que começa a surgir. Este imaginário deve estar à altura dos desafios colocados pelo tumulto do presente. Os discursos sobre a globalização escondem mal o fato de que uma grande “divisão” do mundo esta em curso. O processo de balkanização do mundo se traduz pelo crescente medo, o regresso de muros, pelas tentativas de redução do político às pulsões mais primárias, desenvolver razões para a inação, o retorno valente e descarado de lógicas racistas, que acreditávamos ultrapassadas.
África não tem nada a fazer perante um mundo mais feroz do que nunca, com micro-Estados sem nomes, sem voz nem peso próprios. Precisa absolutamente de decidir se quer constituir-se como força autónoma, ser capaz de abraçar o mundo e de agir à sua altura. Esta idéia de uma “nacionalidade africana”, de uma “cidade africana” vem de longe. Ela é inseparavel da emergência da África na modernidade. Comporta dimensões políticas, filosóficas, estéticas e económicas. Para reativá-la positivamente nas condições contemporâneas, é preciso remetê-la para as mãos de sociedades civis africanas e fazer dela um grande movimento cultural.

Conforme sua dialética, a maior parte de nossos dirigentes estão prontos para “ficar no poder toda a vida”. O senhor estabelece até uma relação entre práticas sexuais de alguns e a gestão do poder pós-colonial, onde está em curso uma “máquina de prazer”. Como funciona extamente este mecanismo? Por fim, quais são os países onde isto é mais evidente?

Não é apenas um assunto de dirigentes. É toda uma relação entre Estado e sociedade que é preciso colocar em questão. Cada sociedade tem o dirigente que merece.
Posto isto, a cultura pós-colonial, autoritária – a qual eu dizia que obteve certa competência no ethos do tráfico de escravos – é uma cultura falocrática. A falocracia, o machismo, é o governo do pai ou do ancião. Ela funciona baseada na crença onde tudo acontece onde existe o falo. É no e pelo falo que acontece um evento. Na realidade, o falo é o evento! É o poder, é o esforço que coloca o falo como figura e estrutura. Não uma estrutura de produção, mas um conglomerado de sujeitos devotos do consumo não consciente, dos gastos frenéticos, sem reservas, enfim, da corrupção.
É isto que eu chamo de “máquina de prazer”. Esta “máquinas de prazer” estão em curso em países como Camarões, os dois Congos, a Nigéria, Angola, Gabão, as duas Guinés, o Chade e o Quénia. A falta de lucidez está presente em quase todos os países africanos.

Achille Mbembe mostra que o desafio da democracia é um denominador comum dos países em questão. A seguir, sustenta que, para a democracia “se enraizar em África, é preciso que ela seja trazida por forças sociais e culturais organizadas, por instituições e canais talentosos, com criatividade e sobretudo por lutas quotidianas de pessoas, de tradições e solidariedade”. Isto significa recolocar em causa as tentativas de lutas que aconteceram nos anos 1990.

Na maior parte dos casos, as lutas dos anos 1990 não conquistaram uma democratização radical da vida política africana. Nos estados francófonos em particular, continuamos a ludibriar as eleições como no tempo da colonização. Os cidadãos não conseguem escolher livremente os seus dirigentes. A única forma de alternância é pela morte. As sucessões, desde então, dão-se de pai para filho.
As experiências mais avançadas continuam frágeis pela falta de enraizamento nas instituições e estruturas. Existe um grande desencontro entre a maneira de conduzir as lutas e as formas de criatividade social e cultural em geral, que são a linguagem, as instituições, as maneiras de se organizar ou os modos de legitimação. Precisamos de uma segunda geração de lutas pela democracia em África. Para terminar, esta segunda geração de lutas deverá, necessariamente, assegurar uma ponte entre as formas de um lado e a cultura de outro.

O que é que isso quer dizer concretamente?

Nós precisamos estudar muito atentamente as múltiplas formas sob as quais operam as lógicas sociais e culturais. Como, na prática, no dia-a-dia, as pessoas constroem a comunidade? Como se organizam para praticar a solidariedade? De que tipos de instituições eles se dotam para realizar objetivos transcendentais? Em que língua eles falam sobre assuntos quotidianos ou ainda sobre finalidades últimas? Como eles cantam ou rezam? Através de que formas expressivas eles procuram se comunicar na alegria, na tristeza ou nas lamentações? Como articular com o próximo e com o que está distante? Como eles se apropriam do que é novo? Tudo isso constitue capital cultural sem o qual não é possível uma ação eficaz. Se queremos enraizar a democracia em África, é preciso apropriar-se deste capital cultural e de seus símbolos como recursos principais da luta. E preciso traduzir a idéia da democracia na língua do povo. Este trabalho intelectual, tático e organizacional, infelizmente não está feito.

Os partidos de oposição têm hoje legitimidade e credibilidade para acompanhar um projeto como este?

Os partidos de oposição estão longe de tererm efetuado um trabalho intelectual do qual eu falava. É preciso propor um imaginário que fale às pessoas das condições concretas de suas vidas quotidianas. Este retorno às situações quotidianas deve caminhar junto com a articulação de um horizonte de esperança, uma certa proposta para o futuro. Mas ainda é preciso acordar a consciência de classe se queremos fugir dos resquícios do etnocentrismo. Isto exige uma enorme capacidade de criatividade e tradução. É significativo, por exemplo, que as igrejas pentecostais definam os contornos da comunidade e do indivíduo a partir de idiomas que poderiam se inspirar os partidos políticos da oposição. De fato, é possivel propor novas visões da comunidade que não sejam necessariamente somente biológicas, inventar novas formas de parentesco que transcendam a linhagem ou a tribo. É este tipo de imaginário que é preciso saber trabalhar.

ilustração de Margarida Girãoilustração de Margarida Girão

No caso de Camarões particularmente, como o senhor poderia, com algum recuo, resumir a situação que domina o país, um ano antes das eleições presidenciais em princípio previstas para outubro de 2011 ?

É um encistamento. O país está sob o domínio de aproximadamente meio milhão de anciãos que se apoiam em todos os níveis da vida pública e que não querem morrer sós. Eles estão decididos a levar com eles tudo que vive e respira. O primeiro entre eles, senhor Paul Biya, completará 80 anos num futuro próximo. Abatido de senilidade, ele fica lúcido algumas horas por dia, como pessoas da sua idade. Pouco importa que e esteja no poder há 28 anos. Ele pode se igualar ou ultrapassar Fidel Castro. Ele quer morrer no poder.

Como evitar um naufrágio como este? Você passa a sensação que uma alternância não é possível nas condições atuais.

As relações entre sociedade e Estado são tais que nas condições atuais não é possível uma alternância pacífica. Os atores suscetíveis de conduzir uma revolução social radical não atenderam ao chamado. A sociedade está enferrujada. Assim, a necessidade de uma revolução social radical nunca foi tão necessária como nos dias de hoje.

Neste sentido, qual o seu olhar sobre as ações de certos membros da diáspora nos últimos tempos?

Tudo o que contribui para desbloquear este impasse deve ser testado. Mas é necessário reconhecer que estamos longe do objetivo. O espectro do Haiti plana sob a África.

Traduzido do texto publicado no AFRICULTURES.






Tradução: Juliana Moraes (retirado do BUALA)

Tuesday, September 21, 2010

Samora Machel pelos olhos de Severino Ngoenha: Ícone Político ou Símbolo sócio-cultural?


Actualmente têm havido várias formas de reflectir sobre o político tendo como principal a actualização e uso do passado em questões actuais. Temos visto um grupo de politólogos e filósofos a escreverem principalmente sobre ícones que cultivaram a essência do saudosismo actual para com o passado. Só para citar alguns exemplos, temos Slavoj Zizek (2007) a escrever sobre Mao Tsé Tung da China, temos Alain Badiou (2008) a escrever sobre Sarkozy na França, Noam Chomsky (2004) sobre G.W. Bush e em Moçambique temos Ngoenha (2009) a escrever sobre Samora Machel, entre outros que me são desconhecidos. O passado-presente (Castiano) parece ser o actual cerne da reflexão, contudo os motivos são pouco explícitos e à primeira vista, parece-nos ainda quase que irracional referir-se sobre o passado de forma tão extravagante  e acima de tudo abraçá-lo apaixonadamente como meio de reflexão, por que afinal de contas o que pretendem tais reflexões? Será que elas pretendem: 1) Explorar as actuais ressureições das imagens dos líderes da revolução na sociedade; ou 2) Intermediar as imagens de tais líderes para fazer ouvir os desassossegos dos filósofos. A análise oferecida pelo presente texto considera que apesar das actuais ressurreições apaixonantes dos ídolos comunistas tenderem a ter uma leitura meramente política por parte dos seus autores, o discurso que está em debate é a cultura: a expressão da vida dos homens.
 Em filosofia da arte é importante distinguir duas coisas: imagem criadas mentalmente e imgens projectadas na sociedade. Como também torna-se relevante perceber a distinção entre discursos (o que se diz, escreve ou se lê...) e imagens (ícones, grafismos, pictorismos).  Para distinguir esses dois processos devemos compreender a questão da autenticidade dos discursos e também permitir uma interpretação identitária dos propósitos da icolarização.  Machel tal como Biko e Che Guevara foi ressuscitado popularmente com alguns intuitos. Ngoenha, meritoriamente expôs na sua obra actual (com a ajuda do hermes Castiano)  a possibilidade de questionamento do que se tem popularizado com imagem.
Está claramente exposto que as questões principais que Ngoenha levanta no livro sobre os feitos de Samora baseiam-se em duas questões: 1) O que fiz? 2) Qual é o mérito dos meus feitos? Explorando sempre de fundo a questão ética dos valores destituídos e reconstruídos a volta da figura emblemática do ícone da primeira república. 
Mas a questão pertinente da obra que acompanha o título pode ser considerada importante. Pelo facto de anteceder ao que nós pretendemos analisar: ícone ou discursos?

O primeiro erro ngoenhiano: iconização ou discursivismo?

O hip-hop, as artes plásticas, as danças e os poemas não fazem parte do universo político apesar de poderem servir como instrumentos de politzação. O Machel que Ngoenha questiona como ícone parece confundir-se entre o Machel cultural e o ícone político. Ao pretender entregar a sua reflexão baseada numa construção social da imagem de Machel, Ngoenha presumiu que se pretende manifestar uma saudade do passado ou uma crítica ao presente, sem deixar a hipótese dessa mesma imagem iconizada poder reflectir um mero simbolismo ou simpatia artística por parte dos que a invocam.
Será que deusa egípcia Maat esqueceu-se que a exaltação de um líder não se liga ao que fez mas por vezes ao que ele disse? Ou talvez Samora deveria ser julgada pelos ossículos da deusa Mathe[1] para que a sua vida pudesse reflectir-se sem quaisquer dúvidas num relflexo claro?
A dicotomia imagem e discurso encontra-se distorcida no que o pensamento de Ngoenha pretende analisar, porque o seu ponto de partida é a imagem que tem sido exaltada actualmente, mas infelizmente a sua reflexão centra-se obsessivamente no discurso e não na imagem. Como Ngoenha (2009:9) afirma “ Existem imagens que condensam nelas uma quantidade e qualidade de significados que palavras, e mesmo a linguagem em geral não conseguem exprimir cabalmente; mesmo se as palavras foram muitas vezes necessárias, e continuam a sê-lo, para tentar explicá-las.”
A ambivalência discursiva na obra talvez seja fruto do próprio chamariz ngonhiano para a análise do contexto moçambicano. Contudo, há que ter em conta que  a verdade da história e a verdade das artes são consideradas opostas e somente em alguns casos complementares, pois a própria arte é intemporal, enquanto que o discurso é temporal.
O trocadilho imagem-discurso pode fraudulentar o argumento ngoenhiano de reflexão política, que culmina com o fazer pensar que imagem iconófila defendida por Ngoenha é política e não artística. Ao centralizar mais sobre o que se diz e não sobre o que se mostra, ambiguosamente Ngoenha remete-nos à uma análise meramente política. Enquanto por outro lado era sua pretensão repensar em como é que Machel foi iconizado pela cultura popular e as representações a que isso nos remete. O que leva-nos a considerar que há um ícone da primeira república com duas simbolizações (uma política e outra cultural). Mas que parece-nos quase que impossível sobre qual deles a reflexão ngoenhiana pretende ilucidar-nos.
A imagem de Samora tem sido reproduzida tecnicamente em várias cores e de várias formas: quer em líricas como em “O país da Marrabenta”, em obras como Samora o homem do Povo e como imagem poética pelos jovens do Xitokozelo. Sem contudo manifestarmos as diversas camisetes, bonés que têm surgido e mesmo imitação de trajes e dizeres. Esta exaltação de Samora, pelos rappers, artistas plásticos e mesmo por escritores, não pode ser considerada uma manifestação de um simbolismo político, mas cultural. O significado simbólico deste Samora é que deveria ser questionado, não meramente pelas mensagens políticas que se tem feito acompanhar essas mesmas imagens. Pois na cultura não é o que Samora representa politicamente (as ideologias, as doutrinas e a governação) que é relevante mas ao contrário é relevante a identidade da nação, os valores, a religião, as tradições (e ensinamentos?).
Será que o ícone da primeira república merece tal título por ser um elo de ligação meramente político-partidária ou por simbolizar aspectos da vida comum cultural dos moçambicanos? De que povo será ele ícone? O seu constituitivo político ou a vastidão diversificada cultural da sua república? Porque é que Samora é mais mencionado em músicas, pinturas e não em discursos políticos ou porque é que Samora Machel aparece a cantar rap e hip-hop e não a fazer campanhas eleitorais ?

O segundo erro ngoenhiano equívoco da plurivocidade do texto?

Existe uma anedota grega que diz que certo dia Alexandre Magno, aproximou-se do seu tutor Aristóteles e perguntou-lhe o que o Sócrates ensinou sobre a arte de governar, e com um olhar sinuoso Aristóteles respondeu-lhe qual dos Sócrates de Platão ou o Sócrates de Atenas? Nesta anedota, Aristóteles questiona a Alexandre sobre que verdade é que ele pretende ouvir, e a nós a pergunta seria, na voz de quem é que percebemos o texto?
O estilo histórico-interrogativo de Ngoenha remete-nos à uma apreciação artística do discurso Samoreano numa vertente nova e interessante. Que poderíamos chamar de a “arte de falar depois de morto” por nos remeter a monólogos e diálogos que intermediam Maat, Osíris, Samora, o povo e o próprio Ngoenha. Mas a dificuldade reside no facto de o discurso Ngonhiano e as falas do povo não serem claramente audíveis pela primeira leitura do texto. Existe uma crise do locutor a certo momento, no qual as audiências confundem-se!
O filósofo não mente, nunca mentirá por mais que pareça estar mentindo. Porque tudo o que pretende fazer é um assédio ao pensamento. O esforço consiste em aproximar a verdade dos receptores por um método dialógico que pareça irracional, para que no final de tudo, o pensamento por si aproxime o auditório ou comunidades de leitores à uma certa versão ou questionamento da verdade.
Da crítica da imagem/símbolo cultura versus política de Samora, a grande questão que o texto ngoenhiano levanta está em relação a justificação de tal excurso pela figura de Samora Machel na actualidade: a crítica da situação actual ou exposição das inquietações do filósofo através de outras vozes? Porquê é que Samora teve de ser julgado e ouvido por deuses egípcios e não por xipocos[2] daqueles que foram afectados pelo seu regime ou por Deus e Jesus Cristo como convém a teologia judaico-cristã? Que arte obscura quererá o filósofo apresentar-nos, pois não há ponto sem nó e não há também figurativismo sem intencionalidade?
Para Ngoenha, é importante existir em si um discurso dialéctico e contraditório à la Hegel para poder-se extrair uma imagem objectiva. Contudo contradição e incerteza (uncertainty) são dois aspectos dos quais o seu texto nos informa, pois a sua tentativa de desconstrução ou questionamento da figura samoreana pela plurivocidade, incapacita de certa forma a distinção entre o que é dito e o que se pretende dizer. E essa incerteza dialógica ou monológica, não permite o alcance da própria objectividade textual a que o autor nos convida a embarcar.
Talvez, para alguns o simples prazer da leitura permita um abraço e recepção clara da verdadeira intenção por trás do que o texto nos mostra, mas para outros considero ainda a necessidade de uma clarificação. O filósofo entrega a sua voz aos deuses egípcios e a Machel para manifestar os seus interesses pessoais ou por outra, dar a sua própria voz aos outros a fim de poder expressar aquilo que são críticas em relação à actualidade.
A plurivocidade da incerteza é problemática se pretendermos perceber quem diz o que e o que se pretende, pois não permite uma selecção clara dos intervenientes. A incerteza reduz a própria capacidade de julgamento e de participação que o próprio autor pretende com a obra. Maat e Osíris falam de Moçambique e trocam de lugar com Samora na tentativa de clarificar as insjustiças actuais e os pecados anteriores, mas não permitem um julgamento objectivo em relação aos interlocutores de tais conclusões.
A analogia ngoenhiana é uma comparação entre os sistemas políticos da 1ª República em relação aos actuais desafios políticos do desenvolvimento actual? Ou, simultaneamente, ao dar voz a Maat e não à Mathe, é uma tentativa de certificação e de validação discursiva através da escolha dos intervenientes do julgamento?
A plurivocidade e ambiguidade textuais características da actual obra de Ngoenha podem ser vistas como uma fragilidade e ao mesmo tempo, ambiguamente, como uma força, por serem as características que enriquecem a capacidade interrogativa do leitor para uma percepção e busca de respostas que literalmente seriam inadequadas de determinar.
As leituras que Ngoenha faz do Liberalismo, da crise do capitalismo e dos modelos democráticos absorvidos do ocidente permitem uma reflexão clara e distintiva das actuais formas de validação discursiva e de participação em massa. O que nos leva a concluir que acima de tudo, a obra de Ngoenha é um julgamento sobre todos os moçambicanos e uma tentativa de inclusão dos discursos culturalmente produzidos e academicamente rejeitados (hip-hop, massificação artística, popularização icónica, crises identitárias, americanização, fashion, dolarização, violências arbitrárias, etc.).


[1] Água em changane, que muitas vezes é usada como símbolo da transparência, vida ou limpeza nos contos tradicionais africanos.
[2] Fantasmas ou demónios no changane

Entre o passado e o futuro: considerações hipotéticas

O homem vai de camelo ao invés de usar a bicicleta porquê? Qual é a dificuldade dele aceitar a modernidade? Será que é por ser africano? Será que é por ser subdesenvolvido? Será que é por ser pobre? Ou será mera ignorância.

Temo que por vezes o pensamento africano seja assim mesmo inconstante e impercebível, o meu maior medo é que no seio de tudo isso o passado mereça maior atenção que o futuro. Porque se o filosofar é estar a caminho, devemos estar a caminho de um aperfeiçoamento e não de um recrudescimento.

Ou então devemos repensar qual será a validade de Nkrumah, Nyerere, Mbiti, Biko entre outros hoje? ou por outra, de que serviram as intenções desses pensadores ao intentar "libertar" África? Se ainda nos sentimos confortáveis com o camelo, de que importa o progresso da bicicleta? Sabemos que temos muitas bicicletas mas o desenvolvimento é tardio, o que dizemos sobre o camelo?

De que nos vale o amanhã se é o ontem que nos cerca em todas as direcções?  

Thursday, March 4, 2010

COMO SE DIZ FILOSOFIA EM MÁCUA/ÉMACUA/MAKWA

Tive à dias uma conversa na sala de aulas com alguns estudantes do 4o ano de Filosofia e Desenvolvimento Institucional da Universidade Pedagógica, o debate centrava-se na necessidade de definirmos as ciências nas nossas línguas locais, e muito interessante é a forma como o Sr. julio nauacha definiu na sua língua materna (emakwa) a palavra Filosofia; Aqui vão as suas palavra:
 
Na tentativa de definir a Filosofia em língua mácua ou emácua, encontrei o seguinte:
 Sendo a filosofia uma palavra de origem grega PHILOSOPHIA, decomposta em Philos=Amor e Sophia=Saber ou seja, AMOR À SABEDORIA OU AMOR AO SABER, poderiamos traduzir Philos=Amor=Osivela e Sophia=Saber=Oswela. Numa só palavra Filosofia, seria portanto Osivela oswela.

Não é interessante que localmente podemos agir globalmente? 

Thursday, February 11, 2010

Friday, January 29, 2010

A ideia de Identidade.

Todas as tentativas no sentido de definir, de forma clara e rigorosa, a identidade africana fracassaram até agora. As tentativas futuras terão provavelmente o mesmo destino, se os estudos sobre as formas africanas de imaginar o eu e o mundo se mantiverem presas de uma concepção da identidade como geografia —, por outras palavras, do tempo como espaço.
Achille Mbembe

Saturday, January 9, 2010

Breves considerações sobre um sonho (brief considerations on a dream)


Life is a long journey and philosophy is a long talk
(A vida é uma longa jornada e a filosofia uma conversa longa)
Thymafeus

Sinto um pequeno remorso quando falo sobre sonhos, porque sinto-me sempre tentado a ler pensamentos sobre o que outros pensaram sobre sonhos, ou sonhar pensamentos sobre sonhos. contudo, a minha maior preocupação consiste basicamente no desaparecimento do sonho como fonte de fundamentação da esperança. Homens esqueceram-se das utopias, das fantasias e dos sonhos. Como podemos voltar a sonhar e ao mesmo tempo regressar e reencontrar os saudosos desejos esquecidos na infância?
O desânimo de continuar com as coisas mais úteis na vida como brincar, conversar com um amigo de infância, crer em Deus, beijar mais, nadar e sujar-me no matope, influencia-me a querer estar constantemente neste computador a descrever como seria se eu pudesse voltar ao passado.
A guerra dos anos e o pavor do futuro guiam-nos seguramente para coisas mais firmes e inabaláveis como o dinheiro, até que percebemos que a realidade é feita de materialismo e consumismos, desnecessários? Não sei, mas até certo momento senti-me cheio de saudades de um dia em que fechei os olhos e pensei que pudesse voar para longe e ir mais longe. onde estou agora? pés na terra e sentado numa cadeira...a dor da não concretização e o caminho do desejo, sim, no final Freud e Lacan sempre tem razão.
Sonhar, todos dormimos e sonhamos, como mera rotina, representações, medos e desejos descontrolados e a ambição de um caminho não percorrido. Está tudo debaixo do iceberg, queira Deus que o o aquecimento global não traga tudo para a superfície....
Percebo então que mais vale morrer que ser assassinado.

Thursday, January 7, 2010

Plants are shaped by cultivation and men by education. .. We are born weak, we need strength; we are born totally unprovided, we need aid; we are born stupid, we need judgment. Everything we do not have at our birth and which we need when we are grown is given us by education. ( Plantas são formadas pelo cultivo e os homens pela educação...Nós nascemos fracos, precisamos de força; nascemos totalmente desprovidos, precisamos de apoio; nascemos ignorantes, precisamos de juízo. Tudo o que não temos no momento do nascimento e que precisamos quando crescemos nos é dado pela educação.)
(Jean Jacques Rousseau, Emile, On Philosophy of Education)

Monday, January 4, 2010

“ You can't lead the people if you don't love

the people. You can't save the people if you

don't serve the people."

(Não podes liderar o povo se não amas ao povo. Não podes salvar o povo se não serves ao povo)

- Dr. Cornel WestWe