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Thursday, January 6, 2011

Para filósofos, revelações do Wikileaks transformam relações de poder


Capa do jornal francês Liberation
Capa do jornal francês Liberation
Liberation.fr
Elcio Ramalho *
 
A revelação de documentos secretos da diplomacia americana pelo site Wikileaks continua rendendo manchetes na imprensa francesa. Em sua edição desta quinta-feira, feita com a participação de intelectuais, o jornal Libération publica várias análises sobre o escândalo que agita a política internacional.
Com o título "a ditadura da transparência", a psicanalista francesa Elisabeth Roudinesco chama os hackers que tiveram acesso e divulgaram os documentos secretos de Robin Woods de um movimento anti-globalização suspeito que pretendem demonstrar a todos os internautas que governos de todo mundo organizam verdadeiros complôs contra os cidadãos.
Para Roudinesco, o caso revela que os governantes hoje são vítimas da mesma ditadura da transparência que atinge os cidadãos e também que os meios de comunicação se tornaram tão poderosos quanto os líderes mundiais nos destinos no mundo.
Já o escritor italiano Umberto Eco entende que as revelações provocam esse barulhão todo porque, de um lado, confirmam o que muitos já sabiam.
Depois da Segunda Guerra mundial, as embaixadas se transformaram em centros de espionagem. E, por outro, o fato de um hacker, o pirata de computador, ter acesso e espalhar documento secretos da maior potência do mundo, representa um golpe duro no departamento de Estado americano e muda a dinâmica das relações entre cidadão e poder.
Se até então, um governo podia controlar até onde uma pessoa passou a noite de hotel, agora o cidadão, ou pelo menos um hacker, pode conhecer os segredos do poder.
Como um poder que não consegue manter seus próprios segredos poderá se manter? Quais serão as consequências deste golpe imposto a um poder tão influente? questiona Umberto Eco. O escritor imagina que após tantos progressos tecnológicos, haverá uma volta ao tempo onde informações serão guardadas apenas no papel e em gavetas trancadas à chave. Não será estranho pensar que as práticas políticas e as técnicas de comunicação voltarão ao tempo das charretes, brinca Umberto Eco.
Socialistas
O conservador Le Figaro dedica sua manchete a um tema da política local ; as relações de poder dentro do Partido Socialista, o maior partido de oposição. O jornal informa que a postura silenciosa de Martine Aubry, secretária-geral do Partido Socialista, preocupa muitos partidários especialmente depois de Segolène Royal ter manifestado sua intenção de novamente concorrer às eleições presidenciais de 2012.
Euro
A crise do euro é a manchete do econômico Les Echos. Para o jornal, o Banco Central Europeu enfrenta alguns desafios imposos pelos mercados. Em sua última reunião, o Conselho dos governadores do BCE deve manter ou ampliar as medidas que têm provocado uma reação das bolsas e valorizado a moeda única europeia, diz o jornal.

* Fonte: http://www.portugues.rfi.fr/geral/20101202

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